O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), publicou nesta sexta-feira (18), em suas redes sociais, forte crítica às medidas cautelares impostas ao ex‑presidente Jair Bolsonaro (PL). Para Zema, o episódio representa “mais um ato absurdo de perseguição política” e evidencia o que chamou de “justiça politizada”.
As medidas
Na manhã desta sexta, a Polícia Federal — a pedido do ministro Alexandre de Moraes, do STF — deflagrou uma operação em Brasília e aplicou:
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Monitoramento 24h por tornozeleira eletrônica;
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Proibição de acesso a redes sociais;
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Restrição de contato com outros investigados, incluindo seu filho Eduardo Bolsonaro;
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Recolhimento noturno (das 19h às 7h);
Isso faz parte de investigações sob sigilo no STF, que apontam possível ligação de Bolsonaro com incitação de atos antidemocráticos.
Zema: Justiça interferindo na democracia
Em tom contundente, Zema afirmou:
“Mais um ato absurdo de perseguição política a Jair Bolsonaro. Censuraram suas redes, proibiram de falar com o filho e obrigaram a usar tornozeleira eletrônica. Tudo isso num processo cheio de abusos e ilegalidades. Não existe democracia quando a Justiça é politizada.”
O governador, que figura como possível presidenciável em 2026, é um aliado declarado do ex‑presidente e foi o primeiro governador a se pronunciar criticamente sobre a ação.
Reação dos bolsonaristas
A movimentação gerou repercussão dentro do núcleo aliado de Bolsonaro:
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Eduardo Bolsonaro afirmou que o ministro “redobrou a aposta” ao impor as medidas.
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Flávio Bolsonaro criticou a “proposital humilhação” como instrumento de coação política.
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Lideranças do PL publicaram nota conjunta classificando a ação como desproporcional e violadora de garantias constitucionais.
Operação da PF em Brasília
Além das restrições, a ação cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Bolsonaro, em Brasília. Entre os itens apreendidos estavam:
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um pen drive escondido no banheiro;
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cerca de US$ 14 000 e R$ 8 000 em espécie;
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uma cópia impressa de petição contra Alexandre de Moraes, apresentada pela plataforma Rumble nos EUA.
Bolsonaro negou conhecimento sobre o pen drive e qualificou a operação de “suprema humilhação”.
Contexto político e repercussão
A atuação do STF, especialmente do ministro Moraes, tem enfrentado acusações de ativismo judicial de setores da direita. Essa postura se intensificou após a CPI das “fake news” e acusações de incitação a atos antidemocráticos por parte de Bolsonaro e apoiadores. O episódio marca um momento de tensão institucional, com aliados do ex‑presidente exigindo anistia ou medidas de retaliação legislativa.
O que vem a seguir
Com o processo sob sigilo, se sabe que as medidas cautelares ficarão vigentes até decisão final do STF. A defesa de Bolsonaro promete recorrer em todas as instâncias. No Congresso, o PL e seus aliados pressionam por intervenção e tramitação de projetos de anistia. No campo jurídico, a discussão gira em torno da legalidade e proporcionalidade das medidas.