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Efeito Trump: dólar dispara, juros futuros dos EUA avançam e bitcoin bate recorde após eleições
Economia
Publicado em 06/11/2024

A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos provocou um aumento expressivo nos juros futuros americanos nesta quarta-feira (6) e, como consequência, o dólar também dispara frente a outras moedas no mundo todo.

Os juros futuros indicam a expectativa do mercado financeiro para a taxa básica de juros dos EUA, definida pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) nos próximos anos. São eles que servem de referência para o rendimento das Treasuries, os títulos públicos americanos.

Como são considerados os produtos de investimento mais seguros do mundo, as Treasuries com rentabilidades mais altas atraem investidores estrangeiros, que encaminham seus recursos para os EUA e dão força para o dólar.

Durante a manhã, o rendimento das Treasuries de 10 anos (título que representa a expectativa para 10 anos) saltou para o maior patamar em quatro meses, em torno de 4,47%. Na semana passada, quando o mercado projetava uma vitória de Trump, o título havia chegado a 4,388%.

Os rendimentos de dois anos também avançaram, chegando a 4,31%.

Os juros futuros subiram porque a agenda econômica de Trump prevê maior protecionismo para a indústria americana, com elevação de tarifas para produtos importados.

Isso pode criar uma guerra comercial mais rígida para a China e reduzir as exportações de outros países emergentes que são importantes parceiros comerciais americanos, como Brasil e México, por exemplo. Isso poderia encarecer parte dos preços, pois quanto mais taxas, mais caros ficam os produtos e serviços.

"Já havia um impacto da percepção do risco de vitória do Trump, com a expectativa de que ele possa colocar tarifas de importação. Exportadores de commodities, como o Brasil, também podem ser afetados", diz o economista Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo Corretora.

Preços mais altos gerariam uma nova pressão na inflação americana, o que pode levar o Fed a manter os juros mais altos para controlar os preços. Hoje, as taxas estão entre 4,75% e 5% ao ano. O resultado das Treasuries mostra que o mercado espera justamente que as taxas fiquem maiores por mais tempo.

Além disso, espera-se uma redução da arrecadação dos EUA com diminuição de impostos para empresas americanas. Na teoria, menos impostos poderiam segurar os preços de produtos nacionais. Mas há sempre a possibilidade de empresários só transformarem o desconto para fazer caixa.

Com isso, os investidores temem que a arrecadação federal menor diminua a capacidade do governo em cobrir o pagamento da dívida. Isso também gera aumento dos juros futuros, pois é preciso ter um prêmio maior para que o investidor empreste dinheiro ao governo dos EUA.

"Desta forma, investidores farão a opção de investir nos EUA com as taxas das Treasuries (títulos públicos americanos, considerados os mais seguros do mundo) mais altas", diz Alexandre Viotto, chefe da mesa de câmbio da EQI Investimentos.

Nesse cenário de taxas mais altas das Treasuries, o índice DXY — que mostra qual a variação do dólar em relação a uma cesta de moedas de outros países (como euro, iene, libra esterlina e dólar canadense) — tinha alta de cerca 2% pela manhã desta quarta-feira.

No Brasil, o dólar bateu os R$ 5,8619 na máxima do dia, mas perdeu força ainda pela manhã. Às 10h30, operava em alta de 0,63%, cotado a R$ 5,7827.

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