O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, revelou à Polícia Federal que emitiu certificados falsos de vacinação para o ex-presidente e a filha dele de 12 anos, Laura, em 2022, a pedido de Bolsonaro. Os documentos foram impressos no Palácio da Alvorada e entregues pessoalmente. O depoimento de Cid foi revelado após o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), retirar o sigilo da investigação sobre suposta adulteração nos certificados de vacina contra a Covid-19. A PF concluiu seu relatório e indiciou Bolsonaro, Cid e mais 15 pessoas por associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação. Fabio Wajngarten, advogado do ex-chefe do Executivo, criticou a divulgação midiática do caso.
“É lamentável quando a autoridade usa a imprensa para comunicar ato formal que logicamente deveria ter revestimento técnico e procedimental em vez de midiático e parcial”, criticou Wajngarten em manifestação em seu perfil no X (antigo Twitter). “O mundo inteiro conhece a opinião pessoal do presidente Bolsonaro quanto ao tema da vacinação, muito embora ele tenha adquirido mais de 600 milhões de doses. Ademais, enquanto exercia o cargo de presidente, ele estava completamente dispensado de apresentar qualquer tipo de certificado nas suas viagens. Trata-se de perseguição política e tentativa de esvaziar o enorme capital politico que só vem crescendo.”
Segundo a investigação, o esquema era coordenado por Mauro Cid, que enviava solicitações de fraude a Ailton Gonçalves Moraes Barros, ex-major do Exército, que por sua vez repassava os dados ao secretário de governo de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha. Este último utilizava suas senhas para inserir os dados falsos no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) do Ministério da Saúde. Os dados de vacinação forjados permitiam que os suspeitos emitissem certificados oficiais pelo sistema do ConecteSUS, burlando as restrições sanitárias. Apesar de não necessitarem dos cartões físicos de vacinação, os dados falsos eram inseridos diretamente no sistema do Ministério da Saúde.
A Controladoria-Geral da União identificou inconsistência no registro de vacinação de Bolsonaro em julho de 2021, na UBS Parque Peruche, em São Paulo, quando ele não estava na cidade. As investigações revelaram a ligação de Mauro Cid com o esquema e levaram à Operação Venire da Polícia Federal, que resultou na prisão preventiva do ex-ajudante de ordens em maio de 2023. A defesa de Mauro Cid afirmou que só se manifestará após ter acesso ao relatório final da investigação. Gutemberg Reis nega qualquer fraude em seu cartão de vacinação. Ele afirma que enfrentou problemas no sistema Conecte SUS, os quais foram corrigidos durante viagem à China em que integrou a comitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A Jovem Pan não consegui contato com as defesas de Barros e Brecha. O espaço está aberto para qualquer manifestação.
Fonte: Jovem Pan