A aprovação do requerimento de urgência para a tramitação do PL das Fake News, na Câmara dos Deputados, animou a oposição ao governo federal, que vê margem para impedir a aprovação do mérito da proposta, cuja análise está prevista para a terça-feira, 2, mas expôs, mais uma vez, a dificuldade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em formar uma base sólida de apoio no Congresso Nacional. O placar da votação, inclusive, mostrou uma peculiaridade: o Republicanos, ligado à Igreja Universal, que se diz independente, entregou mais votos favoráveis ao requerimento do que MDB, PSD e União Brasil, partidos contemplados com três ministérios, em mais um recado explícito de insatisfação de algumas legendas com o Executivo federal. Para evitar um levante no Parlamento, segundo apurou o site da Jovem Pan, o Planalto quer acelerar a liberação de verbas extras aos parlamentares, em um acordo costurado ainda no ano passado, que prevê a possibilidade de os congressistas indicarem recursos a ações ministeriais em suas bases eleitorais.
Como a Jovem Pan mostrou, o requerimento de urgência foi aprovado com 238 votos favoráveis e 132 contrários. No MDB, que chefia os ministérios do Planejamento (Simone Tebet), das Cidades (Jader Filho) e Transportes (Renan Filho), 12 deputados foram contra a tramitação acelerada – outros 21 votaram sim. O PSD, presidido nacionalmente pelo ex-prefeito e ex-ministro Gilberto Kassab, entregou 16 votos a favor e 15 contra. Os pessedistas estão à frente da Agricultura, da Pesca e Minas e Energia. O caso do União Brasil, que está à frente das pastas do Turismo, das Comunicações e da Integração Nacional, é ainda mais simbólico. A maioria da bancada da sigla, que surgiu da fusão entre PSL e DEM, rejeitou o requerimento de urgência. Dos 45 parlamentares que registraram seus votos, 26 foram contra. O Republicanos, por outro lado, que tem sido cortejado pela articulação política de Lula, mas não integra formalmente a base governista, deu 28 votos favoráveis e oito contrários.
Parlamentares ouvidos pela reportagem minimizam o cenário apresentado pelo placar e dizem que o posicionamento na votação da urgência não significa que serão contrários ao parecer do deputado Orlando Silva. No geral, este grupo afirma que o processo tem sido açodado e que o texto deveria ser melhor debatido. Este argumento é rejeitado por aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que afirmam que o projeto está em tramitação há três anos. Por outro lado, há aqueles que aprovaram a urgência e decidiram rejeitar o mérito do texto. É o caso, por exemplo, do Republicanos. O presidente do partido, deputado Marcos Pereira (SP), vice-presidente da Câmara, divulgou um vídeo em suas redes sociais justificando a decisão da legenda. Apesar da pressão do bloco de oposição, de partidos independentes e das big techs, o parlamentar do PCdoB confia na aprovação do texto e aposta nos últimos ajustes feitos para sensibilizar o plenário e garantir os 257 votos necessários.
Fonte: Jovem Pan