O Banco do Brasil vai financiar exportações para a Argentina, com garantias soberanas dos dois países. A informação foi divulgada nesta segunda-feira, 23, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Atualmente, a pasta elabora a criação de um fundo garantidor para alongar o prazo do financiamento. “Temos uma equipe dedicada a encontrar uma forma que dê garantias não apenas para os exportadores, mas também para o Brasil e para o Banco do Brasil em particular, que vai financiar as exportações por emissão de carta de crédito. Que dê garantias que no topo das relações comerciais estarão dois países garantindo seus créditos com base em algum ativo real e conversível”, comentou Haddad durante explicação sobre a ideia de uma moeda comum entre os dois países para relações comerciais, que foi um dos principais assuntos abordados na viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Buenos Aires. Ambos os governos buscam alternativas para aumentar as relações comerciais entre os dois países. Para o governo brasileiro, uma das maiores dificuldades para que isso aconteça é a baixa aceitação do peso argentino, diante da crise econômica no país vizinho. “O Banco do Brasil não vai tomar risco nenhum dessa operação de crédito para exportação. Nós vamos ter um fundo garantidor soberano, que vai garantir as cartas de créditos emitidas pelo Banco do Brasil para exportadores brasileiros. Nem o banco argentino que tiver financiando o importador, nem o Banco do Brasil que estiver garantindo exportador, estão envolvidos no risco”, reforçou o ministro da Fazenda.
Mais cedo, nesta segunda-feira, em declaração à imprensa, Lula e o chefe de Estado da Argentina, Alberto Fernandéz, defenderam a criação da moeda única, mas ressaltaram que não sabem como funcionaria. “Por que não criar uma moeda comum do Mercosul, uma moeda comum dos Brics? Há países que têm dificuldades de obter dólares”, disse o petista. “Não estranho a curiosidade que uma discussão como essas apresenta, porque tudo que é novo causa estranheza. Mas acho que tudo que é novo precisa ser testado, porque não podemos fazer no século XXI aquilo que fazíamos no século XX”, acrescentou o líder que antes havia brincado dizendo que se soubesse todos os detalhes ele seria ministro da Fazenda e não presidente. Fernandéz, por sua vez, completou a fala do amigo declarando: “Não sabemos como funcionaria a moeda comum entre a Argentina e o Brasil, mas sabemos o que acontece com as economias nacionais tendo a necessidade de funcionar com moedas estrangeiras, e sabemos como isso é nocivo”, disse. “Comemoro nesta ocasião a vista do presidente Lula. Se não tivermos a coragem de mudar, continuaremos a padecer dos mesmos males”, acrescentou e ressaltou a importância de aprofundar os vínculos entre Brasil e Argentina “porque ele vai motorizar toda a América Latina”.
Fonte: Jovem Pan